Crônicas

MULHERES
Autor: Marcos Maluly

Mulheres abalando nas baladas, lindas, maravilhosas, sensuais, com roupas cada vez mais curtas, apertadas ou transparentes, dança em poses e em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresárias, advogadas, engenheiras, estudantes universitárias, que alcançaram o sucesso profissional ou estão caminhando pra isso. Tem mulher contratando homem para sair com ela nas baladas, os novíssimos "personal night". E não é só sexo não, tu achas! Se fosse só sexo, era resolvido facil, duvida?
Estamos é com carência de andar de mãos dadas pelas ruas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçadinhos, de conchinha. Sabe essas coisas simples que perdemos nessa caminhada da evolução cega! Sim é isso. Pode fazer tudo, desde que não interrompa a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica mais distante da humanidade.
Para quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhadinha nos sites de relacionamentos, Facebook, Instagram, o número de comunidades como: "Quero um amor!", "só pra casar!" até a desesperançada "Nasci sozinho, morrerei sozinho". Milhares, digo melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase hetero e heteros extremamente inacessíveis.
Vivemos cada dia mais, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belo, criado por um mundo cada vez mais estético, uma forma de fazer gente e cada dia mais solitários. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, é muito brega. O legal é ser independente financeiramente e morar só, dormindo com o "fantasma da ópera".
Alô! Alô? Alô? Alôôô! Felicidade, amor, alô emoções. Fazem-nos parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando sozinho é legal, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, cada dia mais curto, cada segundo que vai embora não volta mais. E é? É lógico. Estou muito brega! Aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais vai vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso, quem sabe um grande amor. Já vi pessoas encontrarem-se em frente um hotel, rolar uma paixão. Resultado? São felizes até hoje.
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza, estupido? Palavra de um monge tibetano. "Se o problema é grande, não pense nele. Se for pequeno, pra que pensar nele". Dá pra ser um grande homem de negócios, tomar iogurte e lamber a tampa. O que não dá pra continuar é achando que viver é "out," que o vento não pode desmanchar o penteado da loirinha ou que eu não posso me aventurar dizendo pra alguém: "Quer ficar comigo? Se falar sim assuma o seu sim. Se disse não, não tem nenhum responsabilidade com o meus sentimentos. Quer ver outra? Quero ficar com você, se não der certo um dos dois pula fora e tudo bem. Foi assim que ganhei um grande amor. E ? E é que está comigo até hoje...Tenha a certeza que ia me arrepender pelo resto da vida. Eu posso até parecer idiota, mas, sou feliz!!”